Nas funções políticas, o administrador público mantém relações entre a
esfera que administra e os grupos internos, especialmente os partidos e facções
políticas ou, com grupos externos. É preciso considerar que tantos as funções
administrativas quanto às funções políticas estão sujeitas à democracia, o que
faz pensar que a administração pública deve ser democrática.
O patrimonialismo, como um modelo de administração pública tem sua
formação, ou surgimento desenvolvido juntamente com o Estado brasileiro e vem
moldando os dirigentes desde o inicio de sua formação.
Este processo teve inicio a partir do período colonial, onde o Brasil se
encontrava apenas em condições de patrimônio da coroa portuguesa. Como tal,
este enviava seus funcionários que vinham para estas terras com objetivo de
ocupar cargos administrativos. Através da posição que estes cargos lhes conferiam,
estes funcionários se mostravam corruptos e infiéis às ordens do rei. Devido a
posição e status de nobreza que tais
cargos conferiam, estes passaram a (inclusive) ser vendidos; demonstrando que
não havia limites entre o público e o privado, pois quem possuía algum destes
poderes, adentrava o outro. Os recursos advindos do patrimônio pessoal ou
público (tributação) eram gastos de maneira indistinta.
O modelo de Administração pública patrimonialista não apresentava nenhuma
preocupação com a medição dos gastos públicos, pois ele caracteriza-se pela
predominância no período Feudal, onde o patrimonialismo atendia ao interesse da
classe dominante. Hoje, o patrimonialismo compromete a finalidade do Estado defender a coisa pública quando as
atividades deixam de estar comprometidas com a melhor relação custo beneficio,
para atender questões que privilegiam poucos.
Para os estudiosos da administração pública, entre eles, Faoro (2001), o patrimonialismo é a apropriação privada dos bens
públicos, não apenas dos bens materiais, mas do próprio exercício do poder. O
governante é um Senhor que tudo pode e o Estado é como se fosse sua propriedade
particular. Assim, os cidadãos não têm direito de fato, recebem benesses aqui e
ali, em lugar de exigir os serviços e benefícios que são devidos à sociedade.
Troca-se cidadania por relações de favor pessoal minimizando assim os direitos,
a justiça, a ética, o bem comum e os valores morais. Dessa forma vicejam a
subserviência, o engodo, o banditismo político, a impunidade, o mau uso do
dinheiro público e a miséria social.
Pode-se observar, através da descrição realizada por Faoro, que os
funcionários do rei eram o "outro eu do rei". Seguindo conforme este
aspecto observado pelo autor, os funcionários reais que ocupavam os cargos
públicos se utilizavam de suas posições, como representantes do rei, para
proveitos pessoais, ou seja: se utilizavam dos cargos públicos, que lhes eram
conferidos conforme suas ligações pessoais, para proveito próprio. "O funcionário é o outro eu do rei,
um outro eu muitas vezes extraviado da fonte de seu poder." (FAORO, 2001, p. 199). As funções públicas eram instituídas
apenas em cumprimento às ordens reais. Contudo, resultou na formação de uma
classe dominante contemplada com diversas regalias.
Neste modelo de administração
pública havia uma explicita divisão de classes sociais, a começar pelos cargos
públicos que eram atribuídos aos letrados e influentes. Segundo Faoro, 2001, p. 200 havia, também,
uma enorme corrupção e infidelidade às ordens do rei. Outra característica a ser observada é
mistura entre os poderes, ou seja: as áreas de administração, legislativo e o
judiciário eram confundidos e exercidos pelas mesmas pessoas. Quem ocupava um
cargo público se revestia de poderes e regalias que só esta condição lhes
permitia. “... a inquieta, ardente,
apaixonada caça ao emprego público. Só ele oferece o poder e a glória, só ele
eleva, branqueia e decora o nome" (FAORO, 2001, p. 440).
E
finalizando, este modelo de administração pública que se moldou a partir de
interesses próprios ficou caracterizado pela cordialidade, que tratam de
situações que deveriam ser de interesse geral e caráter impessoal da mesma
maneira como tratariam de seus problemas pessoais, mas sempre mantendo as
relações de poder intactas, na qual os mesmos grupos sempre se encontram acima
dos demais. Uma cordialidade que, serve de disfarce para verdadeiras intenções,
que consistem em abranger todos em seu círculo familiar de maneira a mantê-los
sob controle e, por conseguinte, manter a supremacia social sob os demais
(HOLLANDA, 1986, p. 147). Assim, como observações realizadas por estrangeiros,
nas quais se atentam para a necessidade de fazerem amizades antes de fazerem
negócios, este tipo de atitudes são comuns em outras esferas, como nas
estatais. Desta maneira, o homem cordial abrange, em seu círculo familiar,
tanto as relações de cunho particular como as de finalidade pública, não
permitindo que o Estado exerça sua função que é segundo Sérgio Buarque, "a
superação dessa ordem doméstica e familiar e que faz do indivíduo um cidadão
portador de direitos e deveres perante o Estado." (HOLLANDA, 1986, p.
141).
Entretanto,
é oportuno dizer que a administração pública patrimonialista origina-se do
patriarcalismo e, com ele, do poder doméstico organizado nas sociedades
medievais. Caracteriza-se por uma gestão estritamente firmada pela tradição
onde o gestor toma decisões conforme seu prazer, sua simpatia ou sua antipatia,
e de acordo com pontos de vista puramente pessoais, sobretudo suscetíveis de se
deixarem influenciar por preferências também pessoais. A administração do
Estado e suas instituições, sob o princípio do patrimonialismo é uma questão
puramente pessoal do gestor público, inexistindo, por este motivo, uma clara
diferenciação entre as esferas pública
e privada (WEBER, 1989).
Numa gestão do tipo patrimonialista o quadro
administrativo é constituído de dependentes pessoais do gestor (familiares
ou funcionários pessoais) ou de parentes, amigos (favoritos), ou ainda por
pessoas que lhe estejam ligadas por um vínculo de fidelidade (troca de
favores). As relações que dominam o quadro administrativo não são as do dever
ou a disciplina objetivamente ligada ao cargo, mas à fidelidade pessoal do
servidor ao gestor (WEBER, 1989, p.
131). Neste modelo de gestão a separação entre assuntos públicos e
privados, entre patrimônio público e privado desaparecem com a difusão do
sistema de prebendas e apropriações.
Weber
(1991) denomina de prebendas, um estilo de administração patrimonialista
mantida através de formas de sustento do servidor patrimonial entre elas,
dinheiro ou bens, terras e serviços, probabilidades de vendas, direitos ou
tributos. É como sustentar a existência de um quadro administrativo mantido por
feudos.
Os modelos
burocráticos da administração pública, por sua vez, se fundamentam na teoria da
política defendida por Max Weber. Teoria esta embasada no conceito de dominação
que segundo Castro e Dias (1974) é a probabilidade de encontrar obediência
dentro de um grupo determinado por mandatos específicos. Nem toda dominação se
serve do meio econômico, mas, toda dominação sobre uma pluralidade de homens
requer um quadro administrativo. Desta forma, pode-se entender o conceito
de dominação correlacionado com teoria da Burocracia fundada por Weber,
pois, para ele os tipos de poder inerentes à burocracia são os mesmos da
dominação: tradicional, carismático, legal ou burocrático.
A
administração burocrática, segundo Weber, citado por Castro e Gomes (2007) é
modelada a partir de sete dimensões básicas: (1) seus elementos básicos
(autoridade, poder, hierarquia, disciplina, ordem e controle); (2) suas
vantagens; (3) suas desvantagens e/ou disfunções; (4) seus diferentes graus
dentro das instituições; (5) sua excessiva formulação de regras; (6) sua
apreciação crítica; (7) seu excessivo racionalismo (autoridade legal).
Para Weber (1969) apud Castro & Dias
(1974) o quadro administrativo do excessivo racionalismo só permite a
participação de quem é qualificado profissionalmente para isto, mediante provas
realizadas com êxito. Assim, pode-se pensar que no modelo burocrático da
administração público, vigora o principio da separação plena entre a
administração e os meios administrativos democráticos. Em outras palavras, na
administração burocrática
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